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Navegando pelo sagrado Ganges - vídeo

O vídeo sobre o Ganges ficou super interessante e, bem no finalzinho, tem uma mensagem muito bonita,  mas tem que assistir todo o vídeo, assim poderá entendê-la melhor!


Então, agora aperta o play e vem navegar comigo!


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Beijos,
Ana Maria
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Cremações à céu aberto nas margens do Ganges!

Um assunto que desperta muito interesse mas, ao mesmo tempo, um certo espanto, é como os hindus fazem as cremações à céu aberto, nas margens do Rio Ganges, em Varanasi.

Cremação às margens do Ganges em Varanasi

Os hindus cremam os corpos de seus entes falecidos por acreditarem que assim a alma se liberta mais rápido do seu carma e eles encerram ali o ciclo de reencarnações. 

Levando em conta o tamanho da população da Índia, que já ultrapassa 1 bilhão e 300 milhões de habitantes, sendo que 80% são hindus, imagine só o problema de espaço que o país teria se precisasse enterrar os seus mortos.

Cremações à céu aberto nas margens do Ganges!
Manikarnika Ghat

Ghats de Cremação
Existem dois shmashan ghats, que são os Ghats (escadarias) onde acontecem as cremações a céu aberto, em Varanasi. Um deles é o Harishchandra Ghat, que, além das cremações tradicionais, possui também um crematório elétrico (fotos no post sobre os Ghats de Varanasi) e o outro, o Manikarnika Ghat, que é o mais importante e onde acontecem cerca de 300 cremações por dia.

Cremação às margens do Ganges em Varanasi
Cremação em Harishchandra Ghat

Apenas os homens participam das cremações. As mulheres são proibidas no local (exceto turistas), pois podem chorar durante o ritual e aquele não deve ser um momento de  tristeza e sim, de libertação do carma.

Cremação às margens do Ganges em Varanasi
Enquanto um corpo é cremado, outro aguarda na escada e mais um já vem descendo. O movimento neste Ghat é intenso!

Como fui até lá e o que eu vi
Já era final de tarde, eu estava navegando pelos Ganges e pedi ao barqueiro para me levar até Manikarnika Ghat, pois eu queria assistir ao menos, a uma uma cremação.

Cremação às margens do Ganges em Varanasi
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Assim que passamos por Dasaswamedh Ghat, o maior Ghat de cerimônias e rituais, já foi possível avistar uma fumaça espessa, vinda das fogueiras. Havia várias fogueiras cremando ao mesmo tempo e, nem bem uma pira era acesa, já vinha descendo outro corpo.

Cremação às margens do Ganges em Varanasi
Esta fumaça espessa podia ser vista de longe

E foi assim, de dentro de um barco, no meio do Ganges, que eu assisti à várias cremações no Manikarnika Ghat.

Cremação às margens do Ganges em Varanasi

Pedido de respeito e tentativa e extorsão
Eu já estava filmando o passeio quando me aproximei do Manikarnika Ghat e continuei filmando e fotografando as cremações. De repente, um senhor de branco, que estava de pé em outro barco e se dizia "sacerdote", pediu que eu parasse de filmar, pois era falta de respeito com os mortos e a dor dos familiares. Achei justo e concordei, desligando a câmera. Mas aí é que começou uma longa tentativa de extorsão por parte deste "sacerdote". 

Este senhor pulou para o meu barco e disse que queria me levar para perto das cremações e me explicar com detalhes sobre os rituais e me disse que eu deveria pagar 500 rúpias para ajudar os mortos a cumprirem o seu carma. Ahaam!

Eu respondi que não iria descer do barco e que queria assistir as cremações de lá mesmo. Então ele começou a falar sem parar, pedindo que eu olhasse para ele. Respondi que preferia olhar para os rituais e que dispensava a explicação. Mesmo assim, ele insistiu com as 500 rúpias, dizendo então que eram para a libertação do meu carma. Ahaam.... Depois baixou para 300 rúpias. Ahaam de novo! Eu respondi que queria cumprir meu carma como deveria ser e pedi a ele que respeitasse os mortos e ficasse em silêncio. Foi desagradável e cansativo, pois ele me atrapalhou muito, já que eu não queria perder nenhum detalhe do que estava acontecendo à minha frente.

Depois de insistir mais um pouco, ele desistiu e voltou para o seu barco, provavelmente de olho no próximo turista que chegasse pelo rio. E pelo que eu percebi, existe uma máfia destes "sacerdotes" tentando extorquir dinheiro de turistas, pois de dentro do barco eu vi outros turistas que estavam no Ghat também sendo assediados por estes homens.

Não achei nada “respeitoso” este assédio, principalmente porque eles iniciam a conversa pedindo que não se fotografe por “respeito aos mortos”. Na verdade, o que eles querem mesmo é dinheiro, tentando comover os turistas com este papo de carma e respeito. 

Fotos das cremações
Todas as fotos foram feitas antes da interferência do tal "sacerdote", por isso não tenho muitas imagens de quando cheguei mais próximo ao Ghat. E, mesmo quando este foi embora, eu não liguei mais a câmera, preferi apenas assistir e refletir.


Cremação às margens do Ganges em Varanasi
A quantidade de madeira é tanta que eles armazenam também em barcos.

Cremação às margens do Ganges em Varanasi
E até pelas escadarias do Ghat vizinho.

Quanto custa uma cremação no Manikarnika Ghat
Cada corpo adulto precisa de 250 a 300kg de madeira, que custam em torno de 2.000 rúpias (pouco mais de cem reais), dependendo da qualidade da madeira.

Cremação às margens do Ganges em Varanasi
Muitas pilhas de lenha e vacas pelo Ghat

Quem tem um maior poder aquisitivo, acrescenta sândalo para amenizar o cheiro da carne queimando. Mas como o valor é altíssimo, cerca de US$ 60,00 por kg de sândalo, somente os muito ricos cremam seus entes com sândalo puro.

A Casa da Morte
No início do Ghat tem um prédio que é conhecido como a Casa da Morte, pois é um lugar que recebe doentes terminais, geralmente pessoas muito pobres e sem familia, que chegam para esperar a morte.

Cremação às margens do Ganges em Varanasi
A seta vermelha aponta onde é a Casa da Morte

Neste local, os doentes recebem comida e madeira suficiente para a sua cremação, através de doações da comunidade e de comerciantes hindus. Mas existem muitas outras casas e asilos similares pela cidade.

O fim de um carma
Morrer em Varanasi e ser cremado às margens do Ganges é um grande privilégio para os hindus, pois representa a libertação do ciclo de nascimento, morte e renascimento.

O que eles mais desejam é que o ciclo de vida se encerre nesta passagem, pois reencarnar significa que o carma não foi cumprido e que eles vão retornar à terra para mais dor e sofrimento.

Para muitos que moram longe, esse último desejo se torna impossível, pois além dos custos da cremação, tem o deslocamento, alojamento de familiares, etc. 

O caminho até a cremação
Quando um familiar hindu morre, eles cobrem o corpo com um pano e o enchem de flores amarelas e laranja. Depois o levam para um último banho no Ganges  antes da cremação.

Cremação às margens do Ganges em Varanasi
Na foto, um corpo sendo transportado para um dos ghats de cremação.

Quando eu cheguei em frente ao Ghat, já havia umas 3 ou 4 fogueiras ardendo, mas prestei atenção especial em um corpo que estava chegando.

Cremação às margens do Ganges em Varanasi
Corpo chegando para cremação

Este corpo estava em uma “maca” de bambu, encoberto com flores amarelas e era carregado por alguns homens, que deviam ser familiares. Ao se aproximarem do rio, eles removeram as flores, o pano e começaram a tirar as roupas do falecido. 

Cremação às margens do Ganges em Varanasi
Foto extraída do vídeo e feito zoom, por isso não está muito nítida.

Usando uma caneca e também as mãos em concha, eles pegavam a água do Ganges e iam molhando cada parte do corpo, inclusive abrindo a boca do falecido e colocando essa água. Provavelmente estavam fazendo também orações e foram molhando todo o corpo para purificar a alma do falecido e libertá-lo dos pecados e de seu carma.

Cremação às margens do Ganges em Varanasi
Aqui os familiares estavam começando a tirar as flores e o pano que encobria o corpo.

Depois de dar o último banho com as águas do Ganges, eles colocam o corpo entre as madeiras para ser cremado. Quem acende a pira geralmente é o filho homem mais velho. Quem não tem filho homem, segundo os hindus, não encerra o seu carma neste ciclo e precisa voltar para conclui-lo. Mais um motivo para eles idolatrarem tanto um filho homem.

Cremação às margens do Ganges em Varanasi
A morte para os hindus é tão normal que esta foto representa até uma certa indiferença! 

Depois de cremados, eles jogam as cinzas no Ganges, mas eu vi que, assim que alguns corpos queimam cerca de metade da madeira, os familiares se retiram, já que uma cremação demora em torno de 4 horas. Me disseram depois que eles pagam para alguém ficar cuidando até o final da cremação. Mas imagino que nem sempre o “contratado” fica cuidando. Ele vai embora e deve voltar mais tarde, para jogar as cinzas no rio ou para aguardar que algum familiar venha buscá-las. Muitas vezes, partes dos corpos não são queimadas por completo e estas “partes” são jogadas no rio. O pior é que acabam boiando próximo às margens e  são devoradas pelos corvos e cães.

Cremação às margens do Ganges em Varanasi
Vacas comendo as flores

Outra cena que me chamou a atenção é a quantidade de vacas pelas escadas, pois elas comem as flores que são retiradas dos corpos antes de serem cremados.

Quem não pode ser cremado, é jogado no  Ganges?
Perguntei ao barqueiro se eles jogavam no rio os corpos de quem não tinha condições de pagar pela cremação e ele me respondeu que, embora hoje seja proibido jogar os corpos no rio, isso ainda acontece. Eles amarram o corpo a uma pedra e o jogam no rio. Geralmente o corpo se desprende da pedra e não demora a subir e a boiar pelo rio.

Ele (o barqueiro) me disse que eles não cremam crianças até 12 anos, mulheres grávidas, sadhus e suicidas. Então eu presumo que estes corpos são todos jogados no Ganges.

Com exceção dos sadhus, que eu não entendi, a restrição faz todo o sentido, pois se a cremação liberta a pessoa do carma, uma criança ainda não teve tempo de cumpri-lo assim como o bebê que uma grávida carrega no ventre. O mesmo em relação ao suicida, que antecipou a sua partida.

Corpo boiando
Enquanto eu voltava do Ghat de cremações, passou por mim um corpo boiando, já bastante inchado. Tive o sangue frio e a rapidez de fotografá-lo, mas como é uma imagem chocante, optei por não publicá-la.

Reflexões
Depois que me livrei do "sacerdote", eu consegui assistir melhor ao que estava acontecendo à minha frente. Meus pensamentos começaram a girar feito um redemoinho, me levando pra longe dali e me trazendo de volta diversas vezes. Tanta coisa se passou pela minha cabeça naquele momento...

Fiquei meio paralisada, olhando tudo aquilo e acho que nem piscava. Meu corpo estava ali, mas minha mente não. Não me senti mal, apenas estranha. Nem escutei quando o barqueiro disse que era hora de irmos embora. Só percebi quando o barco começou a se afastar.  

O cheiro 
Depois do passeio de barco, ainda dei uma volta pelo Assi Ghat e assisti ao final de mais um Aarti, o Ritual do Fogo. Quando voltei para o hotel, percebi que eu estava exausta, mas com um cheiro horrível de carne defumada. Quando me dei conta de que era o cheiro daqueles corpos queimados, eu corri para o chuveiro. Meus cabelos, minha pele e minhas roupas estavam impregnadas. Aí sim eu me senti mal, meio enjoada. Foi um dos banhos mais demorados que eu tomei na Índia. O cheiro de carne humana defumada eu consegui eliminar, mas o que meus olhos viram, nunca vou esquecer!

Esta foi uma das experiências mais incríveis e marcantes que eu tive na Índia!

Beijos,
Ana Maria

*Em tempo: o cheiro de carne defumada me deixou enjoada por eu saber que se tratava de carne humana e não propriamente pelo cheiro ser ruim.

Curiosidade: as águas do Rio Ganges, apesar de toda a poluição, dos cadáveres, esgotos, etc, misteriosamente, não cheiram mal! Isso eu fiquei impressionada!
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Aarti ou Arati, o Ritual do Fogo em vídeo!

Para enriquecer o post anterior, já liberei o vídeo com alguns momentos gravados durante o Aarti ou Arati, um ritual hindu onde utilizam o fogo.


Se você quiser saber mais sobre o Aarti, leia o post anterior. Se você já leu, então agora aperta o play e vem comigo!


Espero que você tenha gostado de conhecer um pouco mais sobre o que acontece às margens do Sagrado Ganges, em Varanasi!

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Beijos,
Ana Maria
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Aarti, o ritual noturno de Adoração ao Fogo!

Todos os dias, ao entardecer, em Assi Ghat começam os preparativos para  mais um Aarti (ou Arati) às margens do Rio Ganges. Este ritual de adoração pode ser simples ou extravagante, mas sempre envolve chamas de luz.

Aarti, o ritual noturno de Adoração ao Fogo!
 Cerimônia do Aarti, em Assi Ghat

O Aarti acontece diariamente também em Dashashwamedh Ghat, que é o mais importante e procurado Ghat de Varanasi e imagino que lá esta cerimônia seja bem maior. Todos os visitantes podem assistir o Aarti, sem custo algum e também aproveitar para fazer suas preces.

Aarti, o ritual noturno de Adoração ao Fogo!
Em Assi Ghat tem essa caixa de doações, para quem puder ou quiser fazer. 

O significado
A palavra  Aarti em sânscrito significa "cessar" ou "concluir". Isto é porque o Aarti é o ato final de um ritual de adoração e ele também simboliza os cinco elementos: Espaço,Vento, Fogo, Água e Terra.

Aarti, o ritual noturno de Adoração ao Fogo!
Ao entardecer começam os preparativos para a cerimônia

Durante o Ganga Aarti, milhares de velas são acesas e flutuam sobre as águas todos os dias, simbolizando a vitória da luz sobre as trevas. E  todos os dias, inverno ou verão, às 19h, Haridwar, Rishikesh e Varanasi, cidades banhadas pelo rio, realizam este ritual para a Deusa Ganga.

Aarti, o ritual noturno de Adoração ao Fogo!

A cerimônia
O ritual Aarti faz parte da Puja (Pooja), que é uma  cerimônia de oferecimentos e é realizado durante quase todas as cerimônias e ocasiões hindus.

Aarti, o ritual noturno de Adoração ao Fogo!

A celebração do Aarti é conduzida como “Adoração ao Fogo”  e dedicada ao rio, ao deus hindu Shiva, ao Sol e ao Fogo, a fim de purificar  a alma dos hindus, permitindo a sua comunhão com o divino.

A cerimônia é realizada por paandits, que são estudiosos do hinduísmo, e eles utilizam vários elementos como o fogo, incenso e flores. Tudo é feito de maneira coreagrafada.

Aarti, o ritual noturno de Adoração ao Fogo!
Imagens extraídas do vídeo,que estará no ar em breve.

Neste ritual, a luz de lamparinas (deepas), com pavios embebidos em ghee (manteiga purificada) ou cânfora, é oferecida à mãe Ganga, nome pelo qual é chamado o Rio Ganges, pois os hindus o consideram uma divindade (a Deusa Ganga).

Aarti, o ritual noturno de Adoração ao Fogo!
Os pontinhos luminosos na água são as oferendas com velas acesas.

A cerimônia é acompanhada de uma canção também chamada de Aarti, composta há anos por discípulos da Amma, uma das principais líderes espirituais e humanitárias do mundo.

Aarti, o ritual noturno de Adoração ao Fogo!
O barco que parecia já estar bem lotado...

Durante a cerimônia, centenas de pessoas vão até o rio para agradecer e soltar oferendas no Ganges (velas acesas e flores), que podem ser compradas ali mesmo.

Aarti, o ritual noturno de Adoração ao Fogo!
 Recebeu ainda mais gente!

Podemos acompanhar o Aarti nas escadarias mesmo ou de dentro do rio, através dos barcos que saem lotados. Eu aluguei um barco exclusivo, pois fiquei com medo de entrar nestes super lotados!

Aarti, o ritual noturno de Adoração ao Fogo!
Por segurança, somente eu e o barqueiro

Presenciei o Aarti mais de uma vez em terra e uma vez de dentro do Ganges. Mas como eu estava hospedada em um hotel bem próximo ao Ghat, todas as noites eu também escutava os cânticos e orações.

Aarti, o ritual noturno de Adoração ao Fogo!
A foto não saiu muito boa porque dentro do Gages era uma escuridão só!

Aarti, o ritual noturno de Adoração ao Fogo!
Sadhu

Na parte superior do Ghat, acompanhando o Aarti, estava este Sadhu, que considerado homem santo no Hinduísmo, pois os Sadhus abdicam de todo o bem material e vivem apenas de orações e doações. Andam quase nus e muitas vezes com o corpo todo pintado.

Aarti, o ritual noturno de Adoração ao Fogo!
Pequeno templo de adoração em Assi Ghat

Espero que você tenha gostado de saber um pouco sobre este importante ritual hindu. Não entrei em detalhes porque também não tenho conhecimento, mas quis mostrar a você o que eu presenciei em Assi Ghat.

Beijos,
Ana Maria
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Assi Ghat, o mais belo dos Ghats de Varanasi!

Quando eu fiz minha reserva de hotel em Varanasi, a única coisa que eu sabia era que eu queria me hospedar em uma área próxima ao Ganges. Não entendia nada sobre os Gaths e escolhi me hospedar em um hotel em Assi Ghat por puro instinto de viajante e não poderia ter escolhido outro lugar melhor e mais bonito!

Assi Ghat, o mais belo dos Ghats de Varanasi!

O Assi Ghat é um dos mais famosos e visitados Ghats de Varanasi e está localizado mais do Sul da cidade, na confluência dos Rios Ganges e Assi. As suas escadarias são enormes e a área se junta com a de outros dois Ghats, Rewan e Ganga Mahal, tornado o local ainda maior.

Assi Ghat, o mais belo dos Ghats de Varanasi!

Por isso, em dias normais, o local nunca fica lotado e é possível transitar tranquilamente. E percebi também que é um dos Ghats mais limpos e bem conservados.

Assi Ghat, o mais belo dos Ghats de Varanasi!
Vendedores de flores e acessórios para as oferendas aos deus no Ganges

A origem
Existem numerosas referências de Assi Ghat na literatura primitiva dos hindus. E, de acordo com a lenda, a Deusa Durga (esposa do Senhor Shiva), depois de matar os demônios asuras Shumbha e Nishumbha, jogou sua espada num pequeno córrego que resultou em um grande fluxo e transformou-se no Rio Assi.

Assi Ghat - Varanasi
Eu imagino que estas duas cortes diferentes de água, sejam do Assi e do Ganges

É por isso que o lugar foi nomeado como Assi Ghat, pois ele está localizado na união do Rio Ganges com o Rio Assi.

Assi Ghat, o mais belo dos Ghats de Varanasi!

Foi em Assi Ghat que Tulsidas, um grande poeta e escritor hindu do Século XVI, completou a famosa obra literária Ramcharitmanas e depois partiu para sua morada celestial.

Assi Ghat, o mais belo dos Ghats de Varanasi!

Este senhor fazia pinturas no rosto e também uma espécie de bênção. Não entendi o significado de nada  pois o mesmo não falava inglês, apenas hindi.

Assi Ghat, o mais belo dos Ghats de Varanasi!
Ele pintou a minha testa e me benzeu. Deve ter sido algo auspicioso!

Assi Ghat, o mais belo dos Ghats de Varanasi!
O resultado foi esse, desconsiderando o calor, pois eu estou literalmente derretendo.

Principais Festivais 
Magh (entre os meses de janeiro/fevereiro) e de Chaitya (entre março/abril), além de datas importantes como o eclipse solar/lunar, Ganga Dussehra, Probodhoni Ekadashi, Makar Shankranti e, em especial, Shivrati, um grande festival anual em honra ao Deus Shiva, que acontece no final de fevereiro e início de março.

Assi Ghat, o mais belo dos Ghats de Varanasi!
Eu já conhecia cachorro vira-lata, mas touro vira-lata foi a primeira vez!

Maha Shivrati
Considerado um dia muito auspicioso pelos hindus, pois é quando a posição dos planetas facilita a evocação de energias espirituais, representando a vitória do bem contra o mal. Esta data é dedicada ao Deus Shiva. Este ano (2017) o Shivrati será no dia 24 de fevereiro.

Assi Ghat, o mais belo dos Ghats de Varanasi!
Vendedores de kits para oferendas no Ganges

Visitantes diários no Assi Ghat
Segundo informações, pela manhã, em dias normais, cerca de 300 pessoas por hora visitam Assi Ghat e, durante os festivais, este número chega a 2.500 pessoas a cada hora. Durante o Shivrati, o Ghat acomoda cerca de 22.500 pessoas ao mesmo tempo.

Assi Ghat, o mais belo dos Ghats de Varanasi!
Sempre tinha alguém diferente (pra mim) andando pelo Ghat.

Eu visitei Varanasi em abril, durante uma semana normal, sem nenhum festival e achei o movimento super tranquilo.  Se realmente chegavam 300 pessoas por hora, ou iam embora logo ou se espalhavam muito bem pelo local.

Assi Ghat, o mais belo dos Ghats de Varanasi!
Estes três peregrinos hindus parecem portar algumas oferendas.

Os banhos no Ganges
Em Assi Ghat, milhares de peregrinos tomam banho para se purificarem antes de prestar homenagem ao Senhor Shiva, cuja imagem está situada no Lingam Asisangameshwar (Senhor da Confluência do Assi), um pequeno templo de mármore sob uma árvore peepal. Dizem os hindus que, aquele que mergulhar em suas águas, terá o reconhecimento de todos os lugares religiosos do hinduismo.

Assi Ghat, o mais belo dos Ghats de Varanasi!
Enquanto aquele senhor se banhava no Ganges, 4 vaquinhas estavam na platéia

Um banho nas águas do Ganges, em Assi Ghat livra os hindus de todos os pecados passados. Depois do mergulho, é feito o Pooja, que é uma feita pelos hindus para acolher, honrar e adorar uma ou mais divindades, ou para celebrar espiritualmente um evento.O Pooja faz a mente, alma e corpo limpos e pacíficos e enche-os com os pensamentos espirituais.

Assi Ghat, o mais belo dos Ghats de Varanasi!
O lugar é tão tranquilo que até "pedicure" dá pra fazer! 

Rituais noturnos
Todas as noites, em Assi Ghat acontece o Arati (ou Aarti), que é um ritual feito com fogo. Este ritual também é celebrado em Dashashwamedh Ghat, o principal e mais procurado Ghat de Varanasi.

Assi Ghat, o mais belo dos Ghats de Varanasi!
Arati em Assi Ghat

Eu adorei ter presenciado o Arati em Assi Ghat, pois achei muito tranquilo e sem multidões.  No próximo post vou contar mais sobre este ritual e como é o Assi Ghat à noite.

Assi Ghat, o mais belo dos Ghats de Varanasi!
Entardecer em Assi Ghat

Dizem que o nascer do sol em Assi Ghat é um belíssimo espetáculo, mas como eu não sou adepta a madrugar, presenciei o por do sol, que é igualmente um espetáculo imperdível!

Assi Ghat

Que tal, você gostou do Assi Ghat?
Beijos,
Ana Maria
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Os Ghats sagrados de Varanasi!

Os Ghats são aquelas escadarias em frente ao Rio Ganges, em Varanasi e é nestes locais que podemos sentir melhor a essência da cidade. Estas escadarias são feitas em lajes de pedra e a maioria está associada à lendas e mitologias hindus, enquanto outros são de propriedade privada.

Ghats de Varanasi

Nos Ghats acontecem rituais hindus, cerimônias, banhos de purificação e alguns são reservados exclusivamente para cremações. A maioria de Ghats de Varanasi foram construídos após o ano de 1700, quando a cidade fazia parte do Império de Maratha.

Ghats de Varanasi - Índia

São 87 Ghats e cada um possui um significado único. Os principais são Assi, Dashashwamedh, Manikamanika, Man Mandir, Scindia e Harishchandra.

Não vou falar sobre todos os 87 Ghats, mas selecionei 20, incluindo os mais importantes que serão citados por ordem de localização, de Sul a Norte do Ganges.

Assi Ghat - Varanasi - Índia
Assi Ghat, ao entardecer.

Eu me hospedei no Assi Ghat, o primeiro Ghat, e fiz dois passeios de barco pelo Ganges, o que me proporcionou uma visão  geral de como são os demais Ghats.

Assi Ghat - Varanasi - Índia
Assi Ghat

Assi Ghat: é o que fica mais ao sul de Varanasi e onde se hospedam a maioria dos turistas e pesquisadores. Achei muito interessante, pois todos os dias, ao entardecer, aconteciam os rituais de orações. Haverá um post especial sobre ele.

Ganga Mahal Ghat - Varanasi
Ganga Mahal Ghat

Ganga Mahal Ghat: foi construído em 1830, pela dinastia de Narayan, originalmente como uma extensão a Assi Ghat, separados entre si por um caminho de pedras. Desde que o palácio "Ganga Mahal" foi alojado no Ghat, este foi nomeado como "Ganga Mahal Ghat". O palácio atualmente é utilizado por instituições educacionais.

Bhadaini Ghat - Varanasi
Bhadaini Ghat

Bhadaini Ghat: pela sua localização no bairro de Bhadaini, o Ghat é chamado por esse nome. Em 1907, uma bomba de abastecimento de água foi aberta aqui pela Corporação Municipal de Varanasi, por isso, o Gath também é chamado como Jalakala Ghat.

Anandamayi Ghat - Varanasi
Anandamayi Ghat

Anandamayi Ghat: antigamente se chamava Imaliya Ghat. Este ghat foi construído em 1941, por Rai Baldeo Sahai. Em 1944, uma notável ascética chamada Mata Anandamayi comprou este ghat e desenvolveu a parte superior para seu ashram. Em 1945, a parte inferior foi construída por Shiv Prasad Gupt. Há dois edifícios importantes neste Ghat. Na parte superior,  há o Ananadamayi Ashram, que também abriga um Templo de Annapurna e Shiva e um grande salão de Yajna. O outro anexo é chamado de Anandamayi Kanyapith, uma escola residencial para as meninas terem educação espiritual, juntamente com a educação geral.

Jain- Varanasi
Jain Ghat

Jain ou Bachraj Ghat: há uma enorme suástica (símbolo hindu) pintada nas escadarias. Possui três templos Jain e um deles é um templo muito antigo de Jain Tirthankara Suparswanath. Antes de 1931, este Ghat fazia parte de Vaccharaja Ghat. Em 1988 foi renovado e reconstruído Departamento de Irrigação do Governo de Uttar Pradesh.



Prabhu Ghat - Varanasi
Prabhu Ghat, um dos mais sujos.

Prabhu Ghat: foi construído no século XX, por Nirmal Kumar, de Bengala. Atualmente, acontecem poucas atividades sociais e culturais no Ghat e este é um dos mais sujos de Varanasi.

Chet Singh Ghat Varanasi
Chet Singh Ghat 

Chet Singh Ghat: possui um imponente e histórico forte vermelho e o local foi cenário de uma batalha entre as tropas de britânicas de Warren Hastings contra Chet Singh, em 1781. O forte e o Ghat foram tomados pelos britânicos na segunda metade do século XIX. O famoso festival de Budhwa Mangal, comemorado durante sete dias, é organizado aqui. Não é aconselhado banho nesta área devido à acentuada corrente do rio.

*Originalmente, este Ghat era conhecido em Khirki Ghat, depois foi dividido em cinco Ghats: Cheta Singh Ghat, Niranjani Ghat, Nirvani Ghat e Shivala Ghat.

Shivala Ghat Varanasu
Shivala Ghat

Shivala Ghat: construído pelo Marajá de Varanasi, foi de grande importância durante os tempos medievais. No Século XIX,  o rei nepalês construiu uma magnífica mansão mansão neste Ghat. Em frente, há um pequeno templo de Shiva.

Prachin Hanuman Ghat Varanasi
Prachin Hanuman Ghat

Prachin Hanuman Ghat: o nome anterior era Rameshvara Ghat e foi construído em 1825, por Mahant Hariharanath. O Ghat  possui afinidade com um grande santo Bhakti Vallabha (1479-1531), que estabeleceu o fundamento filosófico para a devoção Krishna. Há oito templos e santuários na área de Hanuman Ghat e Prachin Hanuman Ghat.

Karnataka State Ghat - Varanasi
Karnataka State Ghat

Karnataka State Ghat: até o início do Século XX este Ghat fazia parte do Hanuman Ghat, mas em 1915 a área foi adquirida pela Fazenda de Mysore (Karnataka), que construiu no ghat uma "casa de descanso de peregrinos" (dharmashala), onde a maioria vem do sul da Índia, do Estado de Karnata.  Há uma mureta de laje de pedra divide os dois ghats, ou seja, Hanuman Ghat e Karnataka Ghat.

Harishchandra Ghat Varanasi - Cremações
Harishchandra Ghat, um dos dois Ghats  de cremação

Harishchandra Ghat: é um dos mais antigos Ghats de Varanasi e seu nome se deve ao rei mitológico Harish Chandra, que depois de perder seu reino, trabalhou como assistente neste crematório. Acredita-se que os deuses o recompensaram por sua determinação, caridade e veracidade e restauraram seu trono perdido e seu filho morto.

Harishchandra Ghat Varanasi - Cremações
Apesar de haver um crematório elétrico neste Ghat, alguns copros são cremados fora e por isso há essa boa de isolamento.

O Harishchandra Ghat é um dos dois Ghats de cremação (o outro é Manikarnika Ghat) e é algumas vezes referido como Adi Manikarnika (o solo de criação original). Hindus de lugares distantes trazem os corpos de seus entes queridos para a cremação neste Ghat. Na mitologia Hindu acredita-se que se uma pessoa é cremada no Harish Chandra Ghat, essa pessoa recebe a salvação ou "moksha". O Harish Chandra Ghat foi um pouco modernizado no final dos anos 80, quando foi aberto um crematório elétrico, mas este Ghat é é utilizado como crematório em menor escala do que em Manikarnika.

Vijayanagaram Ghat Varanasi
Vijayanagaram Ghat

Vijayanagaram Ghat:  o Marajá de Vijayanagaram, um principado no Sul da Índia, forneceu os fundos para a construção deste Ghat, em 1890. Este é o único Ghat que representa Andhra Pradesh. Existem os templos dedicados ao Senhor Shiva e Nishpapeshvara.

Causatthi Ghat ou Digpatia Ghat

Causatthi Ghat ou Digpatia Ghat: a parte inferior  foi construída em 1830, pelo Rei de Digapatiya, que também projetou e construiu um belo palácio em estilo Bengali, com varandas em ambos os lados do palácio. Há um templo Yogini com imagens antigas de Kali, Shiva, Ganesha e Kartikeya, entre as 64 imagens de Yogini, que são consideradas o grupo o mais antigo das deusas. Muito peregrinos visitam o templo Yogini e tomam banho de purificação no rio, em frente ao Ghat. Outra ocasião importante é a noite que antecede o Holi, quando é feito um ritual de homenagens no local.

Darbhanga Ghat

Darbhanga Ghat:  antigamente fazia parte do Munshi Ghat,que pertencia ao Sridhara Narayana Munshi,  ministro das finanças na propriedade de Nagpur. Em 1912 foi construído o edifício palaciano de Darbhanga Ghat, com arenito de Chunar, belas varandas e pilares gregos. Em 1915, o Rei Brahmin, de Darbhanga (Bihar) comprou este Ghat e estendeu-o. A extensão tornou-se mais tarde comhecida como Darbhanga Ghat.

Munshi Ghat Varanasi
Munshi Ghat

Munshi Ghat: construído por Sridhara Narayana Munshi, ministro das finanças de Nagpur. Em 1915, o Rei brâmane de Darbhanga (Bihar) comprou este Ghat, atualmente também chamado de Darbhanga Ghat.

Dashashwamedh Ghat Varanasi
Dashashwamedh Ghat, o principal ghat de Varanasi

Dashashwamedh Ghat: localizado próximo ao Templo Kashi Vishwanath, é o mais antigo e importante Ghat de Varanasi. Os hindus acreditam que Brahma criou este Ghat para dar boas-vindas a Shiva e nele sacrificou dez cavalos. 


Dashashwamedh Ghat Varanasu
Dashashwamedh Ghat, é também o mais procurado.

Diariamente, após o por do sol, um grupo de sacerdotes executa "Agni Pooja" (Adoração de Fogo), dedicado a Shiva, Ganga (Rio Ganges), Surya (Sol), Agni (Fogo) e a todo o universo. Às terças-feiras e em festivais religiosos, são realizados rituais (aratis) especiais. Depois dos rituais de agradecimento, as pessoas descem até o rio para soltar as suas oferendas. Estes rituais podem ser assistido das escadarias ou de dentro de barcos, que ficam lotados neste horário.

Rajendra Prasad Ghat Varanasi
Rajendra Prasad Ghat

Rajendra Prasad Ghat: inicialmente fazia parte Dashashvamedha Ghat, mas em 1979, foi dividido e batizado em memória e honra de Rajendra Prasad, que foi o primeiro presidente da Índia.

Man Mandir Ghat Varanasi
Man Mandir Ghat

Man Mandir Ghat: o nome antigo deste ghat era Somesvara, mas em 1585, quando Raja Savai Man Singh (de Amber/Rajastão) construiu seu palácio e o Ghat teve seu nome alterado em homenagem a ele. No alto está um observatório Hindu construído por Savi Ji Singh II, onde os devotos rendem homenagem ao Lingam de Someswar, o Senhor da Lua.

Manikarnika Ghat principal ghat de cremação em Varanasi
Manikarnika Ghat, o principal ghat de cremações 

Manikarnika Ghat: é o principal ghat utilizado para a cremação hindu em Varanasi. Ao lado dele, há plataformas que são usadas para os rituais de aniversário de morte. Segundo uma lenda, um brinco de Shiva ou de sua esposa Sati, caiu no local.  Este Ghat também terá um post especial sobre ele.

Scindia Ghat Varanasi
Scindia Ghat

Scindia Ghat: construído por Scindia, em 1830, possui um templo de Shiva que está inclinado, submergido parcialmente no Ganges, provavelmente, devido ao seu próprio peso excessivo. Acima do Ghat, diversos santuários estão situados dentro do labirinto apertado das ruas de Siddha Kshetra. De acordo com a mitologia Agni , o Deus de Fogo hindu, nasceu aqui. Neste lugar, os devotos hindus pedem a Vireshwara, o Senhor de todos os heróis, por um filho.

Você já tinha ouvido falar nestas escadarias do Ganges? Qual você achou mais interessante?

Beijos,
Ana Maria
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