Camel Safari e muita aventura pelo Deserto de Thar!

Chegou um dos momentos mais esperados da minha viagem à Índia: fazer um Camel Safari pelo deserto de Thar, no Estado do Rajastão.


Cheguei em Jaisalmer ao anoitecer e contratei o passeio para o dia seguinte, no mesmo hotel em que eu estava hospedada, o Rana Villa (post sobre este lindo hotel aqui).

Observe as mulheres com os vasos de água na cabeça. Cena típica!

Um motorista do hotel nos levou de camionete pela estrada até um ponto próximo a um vilarejo, já dentro do deserto, onde dois guias nos aguardavam com 4 camelos.


Éramos quatro turistas aventureiros: eu e um indiano que estava no mesmo hotel e mais duas pessoas que estavam em um hotel próximo: uma argentina, que mora em Mumbai e trabalha em Bollywood e um neozeolandês que, como eu, estava turistando pela Índia.  
 
Todo mundo camuflado para se proteger do sol... Se você não me identificou, eu sou a que está no último camelo.

Dunas móveis do Deserto de Thar

O Deserto de Thar, também chamado de Grande Deserto Indiano, existe há cerca de 4.000 anos (mas isso é controverso, pois outra teoria afirma que ele tem 10.000 anos e outra ainda, que ele tem 2.000 anos). Ao noroeste, a faixa de deserto é contínua, integrando-se ao território do Paquistão, onde ele passa a se chamar Deserto de Cholistão.

O por do sol no deserto é de êxtase e infinita beleza!

O Deserto de Thar possui cerca de 10% de dunas de areias que se movem e 90% fixas, entre dunas de areia, rochas e bandejas de sal. As áreas onde a vegetação existe são cobertas geralmente com o espinhos.

Eu estou montada no último camelo, que aparece só um pedaço da cabeça na foto!

Agora vamos aos camelos, que na verdade eram dromedários, pois tinham apenas uma corcova, mas vou continuar chamando-os carinhosamente de camelos. 
 

O meu camelo se chamava Johnny e subir neste animal de quase 2 metros de altura não foi nada fácil. O bicho fica "sentado" no chão, e assim que a gente monta, ele é muito rápido para se levantar. Primeiro ele ergue a parte traseira e depois sobe por completo erguendo as patas  dianteiras. Para subir ou descer do camelo é preciso se inclinar para trás e segurar firme nas rédeas, porque o animal é rápido.

O animal nem aí para a câmera, até fechou os olhos...

O camelo está sempre ruminando (mascando algo) e com cara de paisagem. Não está nem aí para ninguém, não demonstra nenhum tipo de afeto (ou desafeto). 
 
 Eu e Johnny

Mas atenção, quando estiver perto de um camelo, é preciso ter muito cuidado para ele não cuspir em você, pois a saliva dele é podre, tão fedida que é preciso jogar as roupas fora depois. Por precaução, eu ficava sempre na lateral do camelo, nunca na frente, para não levar uma cusparada e nem atrás, para não levar um coice.


Bom, voltando ao passeio, assim que montamos nos respectivos animais, começou a nossa jornada propriamente dita.

E.T.

O sol do deserto castiga e eu tentei me cobrir ao máximo, mas também com roupas leves para não sufocar com o calor. 

 Neste ponto as areias eram mais firmes.

Mas nesta área, areia fofa e dunas móveis!

 Por do sol no Deserto de Thar

É muito quente mesmo, mas andar de camelo e poder apreciar o por do sol magnífico sobre as areias do deserto não tem preço. 

  Vegetação escassa e ruínas de algum vilarejo

Passamos por vilarejos, alguns em ruínas e seguimos até um ponto onde iríamos passar a noite. 

 Este cão de um vilarejo por onde passamos resolveu acompanhar a comitiva!

Chegamos: hora de descarregar os camelos!

Look do dia!


Enquanto os guias acomodavam os camelos e preparavam o nosso jantar, nós saímos para explorar as dunas. 
 
 Tinha muito vento...

 ... e eu aproveitei para musar um pouco!

Depois, um luau aconchegante ao redor de uma pequena fogueira, jantamos e ficamos todos batendo papo e falando sobre os encantos da Índia
  

A pequena fogueira acesa para preparar o jantar era também a nossa única iluminação no local.

Nosso jantar: Roti, arroz e vegetais com pimenta! Tinha ainda uma salada com pimentões.

Tentamos tomar cerveja que o guia trouxe, mas estava horrível, quente, pois a caixa térmica não conseguiu manter a temperatura. Mesmo à noite, as areias ainda refletiam o calor do sol acumulado.

Cabana onde estavam nossas camas, colchonetes e cobertores

Enfim, chegou o momento de dormir. Uma pequena cabana feita com a vegetação local seca abrigava as caminhas suspensas, colchonetes e alguns cobertores, pois durante a madrugada a temperatura cai muito no deserto, fica próxima de zero graus. 

Dormimos ao relento e sobre as caminhas, pois tanto dentro da cabana quando nas areias, existe o risco de escorpiões e das cobras do deserto.

 Dormitório dos camelos

O mais belo céu estrelado que eu vi na vida: imagine o que é tentar dormir pensando que um escorpião ou uma cobra poderiam subir pelos pés da cama.. ai, ai... Enquanto o sono não vinha, fiquei admirando o céu mais estrelado que eu vi na minha vida! Longe de qualquer ponto artificial de luz, o céu era ainda mais negro e as estrelas, mais brilhantes. 

Na verdade não tem como descrever o céu do deserto à noite. É muito além das nossas vistas, algo que chega a tocar a nossa alma!

Já era bem de madrugada quando a temperatura começou a cair eu precisei  me cobrir bem com o cobertor para não congelar. Neste momento, consegui adormecer. 

 O deserto é inóspito. Acordei antes do sol nascer, ao som do canto dos corvos!

Areia até nos dentes: quando acordei de manhã, o sol ainda não tinha nascido e ventava muito. Eu tinha areia grudada em todos os fios de cabelo e também nos dentes. Em algum momento da madrugada eu devo ter ficado de boca aberta e como começou a ventar, enchi a boca de areia também. Essa parte foi medonha!

Os cães que nos seguiram desde o vilarejo estavam com muita sede, não resisti e dei água mineral para eles...

Para a higiene, tínhamos que usar água mineral e irmos atrás das dunas. Lógico que não havia banheiro ou qualquer estrutura. Depois disso, fui caminhar um pouco pelas areias, enquanto os guias preparavam o nosso café da manhã.

Café da manhã: torradas com geleia, biscoitos, ovos e chai!

Após o café da manhã, ou melhor, chai da manhã, era hora de se preparar para voltar ao hotel. 
 
Guia preparando nosso retorno.

  Fotos perto de camelos: por segurança, só na lateral do animal!

O vira-lata do deserto veio se despedir e agradecer pela água! Amizade eterna!

 Hora de pegar o rumo do hotel e encarar de novo o sol fortíssimo do deserto!


No caminho de volta, eu só ficava imaginando o momento mágico de poder tomar uma ducha quente e me jogar naquela cama macia do hotel. 
 
 Apesar de ter passado protetor solar com proteção 60, em pouco tempo eu já estava refletindo a cor da camiseta!

Mas ainda tinha algumas horas pela frente em cima do camelo e depois, mais um trajeto de quase una hora de camionete até o hotel. Ao chegar no hotel, fiz exatamente o que eu mais desejava, banho e cama!

 Recordação com os homens do deserto!

Quanto custa um Camel Safari pelo Deserto de Thar: existem vários tipos de passeio com camelo. Tem aquele em que a gente vai para o deserto, aprecia uma apresentação de danças e depois do jantar, volta para o hotel. Em outro, se dorme em tendas. Eu escolhi o passeio em que se dorme por lá, sob o teto das estrelas, sem tendas, sem apresentação de dança, enfim, o mais rústico possível. Paguei US$ 55,00 pelo passeio onde estava incluso os guias, os camelos, água mineral à vontade, lanche, jantar, a caminha, edredom e o café da manhã. O outro tipo de passeio, que tinha as danças e voltava depois do jantar, custava US$ 30,00. O que se dormia em tendas eu não sei o preço.

Não esquecer de levar para o deserto: roupas leves e folgadas para andar no camelo e uma mais quentinha para dormir, um ou dois lenços para cobrir a cabeça e para não torrar o pescoço, além de  óculos escuros e protetor solar.

 Passeio terminando e o Johnny fazendo cara de paisagem feliz!

A  experiência foi incrível e tão intensa que é o tipo de aventura para se fazer uma vez só na vida. Não é necessário repetir, mas valeu cada segundo.

Que tal esta experiência no deserto, você teria coragem de fazer?

Beijos,
Ana
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4 comentários :

  1. Deve ter sido uma experiencia maravilhosa!
    Eu teria medo das cobras e escorpiões....rs
    E morreria de dó dos cachorros...

    bj

    nandaaflordapele.blogspot.com.br

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    1. Se foi, Nanda, uma das experiências mais incríveis desta viagem!
      Também tive medo, mais dos escorpiões do que das cobras...
      Os cachorros nos seguiram e não ganharam nenhum alimento, mas água eu não me neguei a dar, mesmo água mineral, já que não tinha nenhum oásis por perto, hehe...
      Beijos

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  2. Ana!! que bom que você compartilhou tudo, eu não teria coragem não, não iria dormir, iria sofrer muito pelos camelos e o cachorro...realmente não faria...naturalmente eles fazem com um numero minimo de pessoas, não eh? Quando chegasse a noite, OMG!! não teria estrela q eu me sentisse tranquila..cobra, escorpião,kkkk Tudo, menos a noite...gostei dos looks.

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    Respostas
    1. Oi Wilma, pois é, não é um passeio confortável, aliás, nada de conforto, nada de estrutura básica e 100% aventura e alguns riscos.
      Fazem até com uma pessoa, claro, sai um pouco mais caro, mas também fazem. Só que sempre tem mais gente querendo fazer. No meu caso, foram 4 pessoas, duas estavam hospedadas em outro hotel.
      É, o risco de aparecer um escorpião me deu mais medo, porque uma cobra só atacaria se se sentisse ameaçada, mas um escorpião poderia subir na caminha, eu me mexer e levar uma ferroada...
      O look do dia era o que eu tinha para a ocasião, hehe...
      Beijos

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