Park Güell: simbolismos e mistérios de Gaudí junto à natureza!

O Parque Güell (o nome oficial é Park Güell) tem este nome em homenagem a Eusebi Güell, um rico empresário catalão que idealizou e mandou urbanizar uma área de encosta com 15 hectares na Montanha El Carmel, que ficava nos arredores de Barcelona e oferecia uma belíssima vista para o mar e a cidade.

Para o projeto, considerado audacioso para a época, Güell contratou o arquiteto, também catalão, Antoni Gaudí, com o qual já havia encomendado outros trabalhos.

Vista do Parque Güell para a cidade de Barcelona e o mar.


O projeto consistia em um conjunto de 40 habitações de luxo em meio à belezas naturais, com todos os progressos tecnológicos da época e acabamentos de grande qualidade artística. 

Embora não há registros oficiais sobre as verdadeiras intenções de Güell e Gaudí, especula-se que o projeto seria para ser o refúgio de seletas e endinheiradas famílias catalãs.

Construído entre os anos de 1900 e 1914, apesar das muitas vantagens e preços razoáveis, o projeto foi um fracasso comercial. Até hoje existem várias teorias, mas nenhuma explica com clareza o porquê deste fracasso.


A zona central do parque é constituída por uma imensa praça aberta, de forma oval e parcialmente suspensa, delimitada do lado sul por um banco ondulante com vista panorâmica sobre a cidade.


O exterior dos bancos possui friso com as gárgulas em forma de cabeça de leão, como você pode ver na foto abaixo.


Sob a praça situa-se a Sala Hipostila, uma espécie de grande alpendre suportado por dezenas de colunas reminiscentes da antiguidade clássica, onde termina uma escadaria monumental com três fontes que conduz à entrada principal do parque, com os seus característicos pavilhões ao estilo Gaudí.


Sala hipostila ou sala das cem colunas é uma espécie de um grande alpendre. A sala contém 86 colunas dóricas, com cerca de 6m de altura, sendo que 63 foram construídas com entulho e argamassa, imitando mármore e revestidas com trencadís branco liso, até uma altura de 1,80m. 

*Trencadís: sistema decorativo que consiste em revestir superfícies com pequenas peças de cerâmica partida, frequentemente procedente de demolições e de objetos em desuso.

Viaduto das Jardineiras

O Parque Güell está cheio de referências à ideias e fantasias que eram importantes tanto para Güell quanto para Gaudí, inclusive sobre enigmas e adivinhas. Gaudí projetou o parque com um significado político catalão e usou também referências religiosas (era um fervoroso católico), mitológicas e históricas.


Eusebi Güell residiu na grande casa no centro do parque de 1906 até sua morte, em 1918. Em 1922, os herdeiros de Güell venderam o parque para o Município de Barcelona. Em 1926 foi aberto à visitação pública e em 1984 foi classificado pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade.

Antoni Gaudí residiu por quase 20 anos, juntamente com seu pai e uma sobrinha (ele nunca se casou) em uma das casa do parque, a Torre Rosa (não tenho foto desta). Embora tenha a assinatura de Gaudí, esta casa foi desenhada pelo seu colaborador Francesc Berenguer (que não tinha o título de arquiteto), para servir como casa-modelo da urbanização.


De ambos os lados da entrada principal do parque encontram-se duas casas revestidas com trencadís, que formavam a portaria da urbanização. 

A casa da esquerda é o Museu Gaudí e a da direita, livraria e lojinha de souvenirs.

Miniaturas do El Drac

Na zona central do parque existem também três fontes igualmente revestidas de trencadís e cheias de simbolismos, mais uma característica das obras de Gaudí.

Primeira fonte: possui um círculo, um esquadro e um compasso, interpretados como símbolos maçônicos, mas também pode ser uma alusão a Pitágoras, cujo nome é associado à pítia do Templo de Apolo em Delfos, que segundo a lenda, teria profetizado não só o seu nascimento, mas também que este seria o mais belo e sábio dos homens e um grande benefício para a humanidade. (infelizmente não fotografei esta fonte).


Segunda fonte: contém a cabeça triangular de um réptil sobre o escudo da Catalunha, inscrito num hexágono, rodeados de flores de eucalipto. Provavelmente a cabeça pertence a uma serpente, em alusão à medicina ou à serpente que Moisés levava no seu cajado (Nejustán), ou ao sardão (Timon Lepidus), um réptil comum na Catalunha, cujos machos possuem a cabeça triangular. Uma das características de Gaudí era de incorporar em seus projetos animais e plantas que encontrava no local da construção.


Terceira fonte: esta fonte tem a forma de um réptil multicolorido conhecido como El Drac, que se converteu no emblema do parque e num dos símbolos da cidade de Barcelona. El Drac pode representar a cidade de Nîmes, onde Güell viveu em sua juventude e cujo réptil está presente no seu brasão de armas ou ainda, representa a salamandra alquímica, que simboliza o elemento fogo, mas é geralmente interpretado como um dragão, possivelmente o mitológico Píton do Templo de Apolo em Delfos.

Vândalos:
Em fevereiro de 2007, El Drac foi vandalizado com uma barra de ferro na cabeça e costas por três jovens, mas felizmente foi possível recuperar a maioria dos pedaços de cerâmica arrancados. Depois deste episódio, o parque disponibilizou seguranças para vigiar a salamandra, inclusive impedindo os visitantes mais empolgados de subirem no réptil para tirarem fotos.

Escadaria do Parque Güell

Como chegar: saindo na Estação Lesseps, ou Estação Valcarca, ambas da Linha 3 do metrô de Barcelona. Também pode-se utilizar as linhas de ônibus urbanos que passam próximas ao parque como a 6, 24 e 32 ou através das linhas de turismo.

Quanto custa entrar no parque: desde 2012 é cobrado uma taxa de visitação. Ainda há algumas áreas livres, mas onde se encontram as obras de Gaudí, é necessário pagar ingresso. 

Apresar de receber quase o dobro de visitantes que a Sagrada Família, as filas andam muito rápido e o tempo de espera não ultrapassa 1 hora. Em junho, paguei 8 euros pelo ticket.

Em sua fase mais naturalista e que reflete também a sua plena liberdade criativa, Gaudí mesclou diferentes texturas, cores e materiais de construção como cerâmicas coloridas e pedras rústicas e formou um contraste de elementos que despertam a atenção e a curiosidade de todos que visitam o parque.

Você já tinha ouvido falar neste parque?
Beijos,
Ana Maria 
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4 comentários :

  1. Muito legal ver estas fotos aqui e ler as histórias. Estão MARAVILHOSAS!

    bjos

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  2. Que lugar mágico... muito legal o post.
    Sua blusa também é linda, amei!

    beijoss

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    1. O lugar é mesmo mágico Sandrinha.
      Obrigada sobre a blusa!
      beijos

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