Tango: dos cabarés argentinos para o mundo!

O Tango não tem uma origem muito clara, pois não existe muita documentação que comprove a sua origem. Mas, de acordo com estudos, descenderia de uma mistura de vários ritmos, como a milonga, a habanera e o candombe e esteve associado desde o princípio com bordéis e cabarés, reduto exclusivo da população imigrante masculina, principalmente nas cidades de Buenos Aires e Montevidéu.

Por sua forte sensualidade, o tango foi, a princípio, considerado impróprio a ambientes familiares, pois só as prostitutas aceitavam esse baile.  Então, nessa época inicial, era comum o tango ser dançado por dois homens, daí o fato dos rosto virados, sem se fitar.

Apresentação de tango na Calle Florida

Os primeiros tangos, ainda próximos à milonga, eram animados e alegres. A partir da década de 1920, tanto a música quanto a letra assumiram um tom acentuadamente melancólico, tendo como temas principais os tropeços da vida e os desenganos amorosos. 

Inicialmente, a melodia provinha de bandolins, bandurras e violões. Com a incorporação do acordeon, se seguiram a flauta e o bandoneon (espécie de sanfona) e o tango assumiu a sua expressão definitiva. 

Os imigrantes italianos e espanhóis acrescentaram ainda todo o seu ar nostálgico e melancólico e desse modo o tango foi se desenvolvendo e adquirindo um sabor único.

O tango argentino começou a ultrapassar as fronteiras já no início do século XX, quando marinheiros franceses levaram ao seu país natal o tango. Paris se apaixonou por esta dança, considerada exótica e sensual para os parisienses, o que levou muitos artistas argentinos e uruguaios a viajarem e até se radicarem na capital francesa.

Se um dançarino era bom, ele atraía as atenções das mulheres… e dançar entre homens, nada tinha a ver com homossexualidade.

Carlos Gardel foi o inventor do tango-canção e foi o grande divulgador do tango no exterior. Depois que o tango  fez muito sucesso na Europa, a dança estendeu-se também aos bairros proletários e passou a ser aceito "nas melhores famílias". Criaram-se orquestras, lições de tango e as mulheres tiveram de mudar para se adaptarem aos movimentos da dança

Nos anos 1960, o tango foi ignorado fora da Argentina, mas ressurgiu renovado por Astor Piazzolla, que lhe deu uma nova perspectiva, rompendo com os esquemas do tango clássico.

Os turistas não resistem a uma foto assim, no Caminito

Atualmente, o tango é bem explorado em Buenos Aires. Em qualquer lugar que se vá, a gente se depara com alguma imagem ou mesmo com casais dançando tango pelas ruas, principalmente na Calle Florida e no bairro do Caminito.

O tango mescla o drama, a paixão, a sexualidade, a agressividade e a merlancolia. Como dança, os movimentos são marcados e precisos, com o homem conduzindo, e a mulher, submissa.

Apresentação de tango na Calle Florida

Em Buenos Aires são inúmeras as casas que apresentam shows de tango, de todo tipo, moderno, clássico, com efeitos especiais ou mais modestos... enfim, para todos os gostos e bolsos.

Eu posso falar sobre duas casas que conheço: o Señor Tango e o Café Tortoni. Sei que existem outras que são muito boas também, mas ainda não tive a oportunidade de conhecer.

Fernando Soller, comandando o espetáculo no Señor Tango

No Señor Tango  (Vieytes 1655), podemos ver um espetáculo digno de Hollywood, onde o show dura cerca de 2 horas e começa encenando a parte histórica da colonização argentina, com a invasão dos espanhóis. A casa é enorme e no palco giratório, que também se eleva em alguns momentos, alguns atores surgem montados em cavalos, representando esta época. 
Depois surge o tango como dança e segue a evolução, com o clássico, o moderno e até o eletrônico, sem falar no tango erótico, muito bem apresentado por várias dançarinas de espartilhos em volta de 2 ou 3 dançarinos.


Os valores variam de $200 pesos (sem jantar) a $600 pesos (com jantar), por pessoa. O jantar tem um cardápio padrão, mas se pode escolher o tipo de carne. Servem vinho, água ou refrigerante e no final, um brinde com espumante.  

O show termina com a clássica "Não chores por mim Argentina", onde  bandeiras descem ao palco sob chuva de papel laminado picado.

Encerramento do  show no Señor Tango

Após o show, os artistas ficam disponíveis para tirar fotos com os turistas, inclusive o Fernando Soller, que cria, produz, dirige e apresenta todo o espetáculo e é todo “metido” a sedutor... 
Enfim, é um show longo, mas emocionante e vale a pena ver, ao menos uma vez.

A casa tem serviço de transfer: uma van busca os turistas nos hotéis antes do show e, após, os leva de volta, sem custo.


Apresentações em um dos 3 palcos do Café Tortoni


A outra casa de tango que eu conheci é o Café Tortoni  (Av. de Mayo 825), que tem mais de 150 anos. É um lugar muito aconchegante, bem central e muito concorrido, não só para os shows de tango, mas também para apreciar um bom café, bater um papo ou fazer um lanche. 

São 3 pequenos palcos separados, com 2 shows diários cada um. Não servem jantar, mas se pode petiscar antes das apresentações. O valor que pagamos não lembro, mas acredito que tenha sido em torno $100 pesos por pessoa. Vinho e petiscos foram pagos à parte.


Os shows de tango no Café Tortoni não têm os efeitos especiais apresentados no Señor Tango, mas a dança é maravilhosa. E como os espaços são pequenos, ficamos bem perto do palco. Lá podemos ver o tango como dança, também apresentado em forma teatral. Maravilhoso! O show dura cerca de 1 hora e eu veria tantas vezes quanto possível, pois não cansa. É o tango por si mesmo, sem “enfeites”.

Conclusão: é difícil dizer qual é a melhor das duas casas, pois ambas são ótimas e possuem propostas bem diferentes uma do outra.

O Senõr Tango apresenta um grande espetáculo, mas acho difícil que os portenhos assistam, pois é todo preparado para impressionar os turistas (e consegue!). O Café Tortoni apresenta um tango mais puro, mas mesmo assim, também para turistas.

Na minha opinião, para quem nunca assistiu a nenhuma apresentação de tango, seria interessante assistir ao grandioso espetáculo do Señor Tango, pois ele realmente impressiona, mas para quem já assistiu e quer algo menos hollywoodiano, o Café Tortoni seria o ideal.

Gostaria muito de assistir a um tango em uma casa onde os frequentadores fossem argentinos mesmo. Assim, saberia comparar as diferenças entre o tango apresentado para os turistas e o tango que a população local aprecia. 

Quem sabe, na próxima vez que eu for a Buenos Aires... Se alguém conhecer, me avise.

Beijos,
Ana

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2 comentários :

  1. A Argentina é um lugar exótico e maravilhoso! Único em todo o mundo, parabéns pela posto!
    http://www.decolajampa.com/

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    1. Olá Josean, muito obrigada.
      A Argentina é um país muito interessante mesmo e Buenos Aires é uma cidade que seduz!
      Abraços

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